Educar filhos é nos autoregular. Confira a entrevista com a Lua Fonseca, educadora parental

Conte um pouco sobre a Parentalidade e Educação Positiva como prática educativa e os benefícios para as famílias?
A Parentalidade e a Educação Positiva são um convite para que os pais e educadores revejam modelos de relação com as crianças do nosso convívio. É algo transformador se a gente se permitir rever as nossas atitudes e acreditar no respeito como fio condutor da educação.
Uma das principais críticas que ouvimos é sobre a crença de uma educação permissiva, a partir do momento em que damos espaço e voz às nossas crianças. Você poderia explicar a visão respeitosa da Educação Positiva?
Os pais têm muito medo de ao dar espaço e voz para a criança, eles percam o controle e a autoridade. Mas a questão é justamente essa: será que é sobre manter o controle ou ser essa figura de autoridade que ganha no grito, no medo? Essa é a reflexão que devemos fazer. Os adultos precisam estabelecer limites para que as crianças se desenvolvam com segurança, mas é preciso também dar autonomia, observar. Se a gente basear a nossa relação com as crianças no autoritarismo, corremos o risco de não ensinar habilidades sociais para elas e ver um rompimento emocional muito cedo. Além disso, é preciso entender que a permissividade não tem a ver com excesso de liberdade. Tem a ver com a dificuldade dos pais de frustrarem essa criança e se tornarem reféns dessa relação.

Nas suas vivências como educadora parental e mãe, quais são as principais angústias das famílias? Como lidar com elas?
Há mudanças na forma de educar pela Parentalidade e Educação Positiva crianças em diferentes idades?
Claro! A cada etapa do desenvolvimento infantil a gente vai utilizar uma determinada forma de abordar essa criança, de expor os sentimentos, de perguntar. Por mais inteligente que seja uma criança aos dois anos, é fundamental a gente lembrar que ela só tem dois anos.
Como mãe de 4 filhos, como você tenta manter a calma para conduzir os comportamentos desafiantes?
É importante falar que nem sempre a gente consegue manter a calma. Mas um recurso que uso muito é a honestidade emocional: estou cansada, trabalhei muito, já esta tarde…Essas coisas me deixam chateadas, preciso da colaboração de vocês. E respirar é sempre bom!
Por que é importante a mãe olhar para si? Se falta tempo, como conseguir uma brecha para olhar pra gente?
Tenho pensado muito sobre essa questão. O tempo para a mãe não pode entrar como mais uma angústia na sua lista imensa de atividades. Às vezes, leva tempo para conseguirmos organizar uma agenda pessoal e isso precisa ser entendido. Então, é importante a mãe buscar pequenos prazes, momentos simples, mas que trazem paz, trazem uma conexão dela com ela mesma. Isso pode ser algo simples como um bom banho ou algo mais elaborado como uma massagem, uma viagem.
Acredito que o caminho para um relacionamento respeitoso com os filhos é nos autorregular. Cabe a nós, adultos, entendermos que estamos no controle, mas não controlamos tudo. Nosso papel é o de orientar, gerir as emoções e frustrações dos nossos filhos e para isso, a gente precisa cuidar das nossas emoções. Eu busco autoconhecimento através de terapia, de yoga e que questionamentos diante das certezas.