Neste livro-guia você encontra uma Beagá
a ser vista e vivida pelas crianças.
Neste livro-guia você encontra uma Beagá a ser vista e vivida pelas crianças.
Os locais referenciados foram conhecidos, ocupados, explorados, a partir das andanças e dos nossos encontros. Priorizamos indicações de espaços públicos, com e na natureza, equipamentos culturais, programas e atividades gratuitas, acessíveis, inclusivas, plurais. Em nossa curadoria, sugerimos passeios para serem curtidos por crianças e adultos, longe dos excessos (leia-se telas e consumo).
As informações presentes no guia referem-se à pesquisa feita junto aos equipamentos no 1º semestre de 2023. Telefones, horários de funcionamento e propostas podem sofrer alterações à nossa revelia.
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A cidade é o nosso quintal
A cidade é
o nosso quintal
O brincar nos espaços públicos e coletivos permite que as crianças enxerguem a cidade como lugar de experiência de diferentes perspectivas. Como local de convívio, de concessão, de empatia com a diversidade humana. Brincando, assumimos a igualdade como pressuposto, e isso por si só, é capaz de fazer uma revolução.
O brincar pelo vasto mundo dos quintais nos convida a empreender transformações a partir da infância, não como idade cronológica, mas como um estado, um impulso vital. Reocupar a cidade com as crianças possibilita resgatarmos os afetos e encontros que surgem na convivência com os outros. Isso se faz urgente. Temos quintal em todo lugar: na praça, no parque, no quarteirão, nas ruas, nos terreiros, nas escolas, nos alpendres, nas varandas, nos fundos das casas, nos plays, nas calçadas, e dentro de cada um de nós.
Acreditamos que uma cidade educadora é aquela habitada pelas crianças, por isso buscamos valorizar os espaços coletivos e conscientizar a todos de que é necessário ocupá-los, para preservá-los, como exercício da cidadania. Sigamos brincando lá fora para tornar nossa Belo Horizonte mais cuidadora, acolhedora para nossos pequenos e boa para todos nós.
Memórias brincadas
“O cheiro de grama recém cortada, o perfume enjoado e viciante da dama da noite ou o aroma que escapa da casca da mexerica sempre vão me lembrar dos dias ensolarados da meninice.
Mas a minha infância teve também cheiro de chuva chegando, de terra molhada (depois da chuva), de roupa secando no varal. Sim, tudo isso tem cheiro, aroma, sentimento. E a gente aprende isso quando é pequeno. Os aprendizados e as lembranças que batem forte no coração quando a gente não conta mais a idade pelos dedos das mãos não vêm dos brinquedos educativos “próprios para crianças a partir de 4 anos”. Vêm da vida e daquilo que vivemos todos os dias.
Por isso quando conheci o Na Pracinha, que tem cheiro de brincadeira boa, me senti em casa e abraçada pela Flávia Pellegrini e pela Miriam Barreto. Achei de uma beleza sem fim a proposta de incentivar e convidar pais e crianças a irem para praças, parques, museus, lugares ao ar livre, enfim.
E, assim, aproveitar o tempo junto com diversão simples, que faz a gente suar, correr, se esconder e depois se encontrar, sentir o sol na cara, a grama pinicar o pé, a abelha zumbir no ouvido. Isso se leva para sempre. Fica guardado dentro do peito.
Vida longa ao Na Pracinha. Porque a vida precisa ser longa e intensa sempre, feito brincadeira de criança.”
Ana Holanda, jornalista e escritora
Este livro foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.